Capítulo 863
Olívia fechou os olhos com amargura.
Não demorou muito para o carro parar e, para a surpresa de Olívia, eles não estavam na Vila Serenidade, mas na Comunidade Lejá.
Ela ficou confusa e se preparou para perguntar a Daniel, mas quando olhou em sua direção, viu que ele estava de perfil, olhando pela janela do carro, com uma aura fria e distante e um ar sombrio.
Olivia não se atreveu a falar e abriu a porta do carro para sair.
Assim que ela fechou a porta, o carro arrancou sem hesitar.
Era como se Daniel nunca mais quisesse vê–la.
Olivia apertou os lábios, observando o Rolls Royce preto se afastar, antes de se virar e entrar no prédio.
Ela abriu a porta e entrou; a casa estava completamente escura. Olivia tateou em busca do interruptor e acendeu a luz, iluminando instantaneamente todo o espaço.
Teresa, que estava sentada no sofá, protegeu os olhos da luz intensa com a mão.
“Mãe, você está em casa? Por que não acendeu a luz?” Olivia perguntou, surpresa.
Teresa voltou a si, olhou para ela e em seguida para a porta, como se esperasse por mais alguém. Com um tom de desapontamento, ela disse: “Para que vou acender luz se estou sozinha em casa? É um desperdício de energia.”
“Não é bem assim, mãe. A humanidade inventou lâmpadas e eletricidade justamente para iluminar, não para economizar” – Olivia colocou sua mochila no hall de entrada e entrou.
“Faz tempo que você não volta pra casa. O que te trouxe aqui hoje?” Teresa não estava legal; estava pálida e abatida.
Olivia percebeu que tinha algo errado e sentou ao lado dela, tocando sua testa. pra ver se estava com febre.
“Mãe, o que aconteceu com você? Está entediada de ficar em casa sozinha todos os dias?” Olivia perguntou, preocupada.
Teresa suspirou fraco: “Antes, eu acordava e já começava a correria pra cuidar dos meus quatro pequenos tesouros, levá–los pra escola e depois ficava pensando em buscá–los. Agora, acordar de manhã não faz diferença nenhuma, não tem preocupações ou expectativas…”
A vida costumava ser agitada e de repente ficou silenciosa, deixando o coração de Teresa vazio e ela se sentia deslocada.
Passava os dias sentada no sofá, mergulhada em pensamentos.
Ela sempre reclamava de como era cansativo cuidar des crianças, mas agora que não precisava mais fazer isso, se sentia vazia como se tivesse perdido o mundo inteiro.
Olivia abraçou Teresa, encostando a cabeça no ombro dela, e disse: Mãe, eu entendo como você se sente. Tenha certeza de que nossa familia vai voltar ao que era antes. Se tiver realmente entediada, você pode visitar a tia…”
“Eu não vou lá. Se eu for, vou ver ainda menos meus quatro netos. Aquí ainda tenho chance de vê–los” – Teresa falou determinada,
“Eu estou procurando emprego nos últimos dias, mas ninguém me quer. Não sei o que estou fazendo de errado” – Teresa estava se sentindo desamparada; era dificil arranjar trabalho na sua idade.
“Mãe, se não tem trabalho, tudo bem. Você pode ir dançar na praça ou passear. Vou tentar arranjar mais tempo pra vir te visitar” – Olivia abraçou Teresa como uma criança, buscando conforto no colo dela, assim como Iría costumava fazer.
Os filhos que têm a mãe por perto sentem–se aquecidos por dentro.
“Você faça o seu trabalho, não se preocupe comigo. Melhor passar mais tempo com as crianças, senão com o tempo elas podem nos esquecer” – Teresa estava sempre pensando em seus preciosos netos.
“Como assim? Eles jamais nos esquecerão” – Olivia não quería admitir que, se as crianças ficassem muito tempo sem vé–las, poderíam esquecê–las.
Ela havia dado à luz aqueles pequenos tesouros com amor e dedicação.
Como eles poderiam esquecer dela e de Teresa?
“As crianças são pequenas, quern passa mais tempo com elas, ganha mais afeto. Com o tempo, esquecer a própria mãe não é algo tão inusitado” – Teresa comentou.
“Ah, e não seja tão teimosa. Conquiste Daniel aos poucos, isso será bom para você e para os seus filhos. Homens, sabe como é, com um pouco de carinho, você conquista o coração deles” – Teresa aconselhou Olivia.
