Capítulo 86
Viviana olhava para Daniel com uma paixão e uma emoção que eram visiveis em seus olhos.
Daniel estava concentrado nos papéis à sua frente, não olhou para ela nenhum momento.
Ao pensar no que estava prestes a contar, um nervosismo tomou conta de Viviana, fazendo–a sentir–se ansiosa.
Ela tinha medo de se tornar apenas mais uma na lista das que confessaram seus sentimentos a Daniel, para em seguida serem colocadas de lado, não podendo nem mesmo esperar à amizade ou à chance de estar perto dele.
No entanto, se não se declarasse, Olivia acabaria por ficar com ele.
E assim, ela perderia sua oportunidade para sempre.
Depois de uma breve luta interna, Viviana decidiu que confessaria seus sentimentos.
Mas abordá–lo diretamente seria muito brusco.
Ela foi até o balcão do café e preparou uma bebida, caminhando com a xícara até Daniel. Colocou–a ao seu lado com uma voz mais suave do que o habitual: “Sr. Griera, não foque só no trabalho, tome um cafézinho para relaxar.”
Daniel acabou de assinar um documento e o colocou na pasta. Tomou um gole do café e, com uma voz grave que não revelava suas emoções, perguntou: “Algum problema?”
Após falar, colocou casualmente a xícara de lado.
O coração de Viviana estava acelerado, e quanto mais se aproximava o momento da verdade, mais nervosa ficava.
Ela admirava o rosto masculino e determinado de Daniel, seus olhos escuros e profundos. As pálpebras dele tinham dobras marcantes e brilhavam levemente, enquanto suas sobrancelhas espessas pareciam brilhar com a própria luz.
Seu coração acelerava ainda mais.
Reunindo coragem, ela disse: “Sr. Griera, eu gosto de você.”
Sua voz manteve–se num tom médio, igual ao que usava em relatórios de trabalho.
Mas ouvindo com atenção, era possível perceber a tensão e o nervosismo em sua voz, além de um toque de charme feminino.
Daniel, concentrado nos papéis, nem levantou os olhos: “Todos os funcionários gostam de mim.”
Viviana ficou surpresa, percebendo que ele poderia ter entendido mal.
Ela apressou–se em esclarecer: “Eu amo você, quero ser sua mulher, eu gosto de você há dez anos.”
Desde a adolescência ela o seguia, e seu coração nunca deixou de admirá–lo.
Após dez anos escondendo seus sentimentos, finalmente os revelou, sentindo–se aliviada, mas ao mesmo tempo preocupada e ansiosa. Daniel finalmente parou de trabalhar e olhou para ela com seus olhos escuros, dizendo friamente: “Você sabe o que está dizendo? Ultimamente você está agindo de forma estranha, toda cheia de não me toques.”
Viviana ficou paralisada, sentindo o rosto esquentar, e respondeu: “Sr. Griera, eu sou uma mulher.”
Daniel respondeu: “Não tinha notado.”
Ele sempre a tratara como um dos homens. Quando estavam no exército, ela era subordinada dele, um soldado raso que ele via como um colega, um irmão de armas.
E agora ela dizia que queria ser sua mulher?
O coração de Viviana gelou com essa difícil realidade. Daniel não tinha percebido que ela era uma mulher?
Seu orgulho estava ferido, mas ela não estava pronta para desistir. Ela desabotoou o paletó e abriu a gola da camisa, aproximando–se da mesa onde Daniel estava, apoiou as mãos na superfície e inclinou–se em sua direção.
Ela passou da frieza profissional a uma sedutora confiança num instante.
Aproximou–se de Daniel, permitindo que ele visse claramente, e sua voz tornou–se ainda mais doce e vulnerável: “Sr. Griera, agora você percebe? Eu, sua mulher…”
Daniel estava frio como gelo, seu olhar era sério, e quando ele estava prestes a afastá–la com força…
“Sr. Griera, eu não queria chegar atrasada…“, disse Olivia, entrando no escritório com um esfregão e uma vassoura, pronta para explicar que seu atraso não foi intencional e que agora ela limparia tudo.
Mas ela parou de falar ao ver a cena diante dela.
Viviana, com movimentos sugerindo intimidade, inclinava–se em direção a Daniel, como se quisesse se entregar em seus braços.
Céus!
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