Capítulo 850
Sem sequer olhar, Olivia já sabia quem tinha entrado.
O ar tornou–se subitamente opressivo e, junto com ele, a respiração de Olivia também se tornou pesada. Ela não virou a cabeça, mas abraçou Iria com mais força com a sua bochechal encostada na face infantil da menina, como se apenas assim pudesse trazer um pouco de calor ao seu corpo gelado.
A cama afundou ao lado dela e a presença masculina com a sua respiração potente se aproximou, envolvendo o rosto de Olivia com seu hálito, enquanto seu peito firme
aconchegava suas costas.
O corpo de Olivia ficou tenso e, antes que pudesse reagir, seu queixo foi levantado e seu rosto virado para encarar a face atraente e profunda de Daniel.
“A criança te fez uma pergunta e você não respondeu. Quão desapontada ela deve estar, hein?” Sua voz baixa e magnética ecoou no silêncio do espaço, puxando os nervos de Olivia.
“Papai, você veio! É para dormir conosco?” Iria levantou sua pequena cabeça do abraço de Olivia, os seus grandes olhos límpidos cheios de expectativa e excitação, olhando ansiosamente para Daniel.
Daniel olhou para Iria antes de seu olhar sombrio encontrar novamente os olhos de Olivia e disse: “Está ouvindo? Iria está esperando sua resposta.”
Olivia estava perplexa.
Iria tinha parado de insistir nessa questão até ele entrar. Agora era ele quem estava esperando uma resposta ou Iria?
Olivia sabia que se ela não respondesse, Daniel não iria deixar passar e, além disso, ela não poderia deixar Iria triste.
Virou o rosto para evitar a mão insistente de Daniel e olhou para outro lugar, dizendo: “Claro que podemos dormir juntos.”
“Oba, que bom! Papai, vem para a cama também.” Iria se levantou da cama e, como uma pequena adulta, foi até o lado da cama, puxando o braço de Daniel para que ele subisse.
“Iria, o seu pai ainda não tomou banho, ele não…” Olivia, preocupada que Daniel ficasse chateado, estava prestes a inventar uma desculpa para o comportamento de Iria.
Antes que pudesse terminar, Daniel tirou os sapatos, ergueu as suas longas pernas e subiu na cama.
Olivia ficou chocada.
Esse homem não tinha mania de limpeza? Ele subiu na cama sem tomar banho ou trocar de roupa?
“Papai, puxe o cobertor e tape–se.” Iria, atarefada, puxou o cobertor sobre Daniel e Olivia.
Depois de ajeitar tudo, ela voltou a se aninhar nos braços de Olivia, pedindo para ser abraçada. Vendo que Olivia a tinha abraçado, Iria olhou para Daniel de novo e disse com sua voz doce e fofa: “Papai, abrace a mamãe. Assim como a mamãe me abraça, me envolva completamente em seus braços, assim ela não terá medo.”
Olivia ficou surpresa; Iria estava literalmente a empurrando para a boca do lobo.
“Eu não preciso…”
Mal tinha começado a falar e seu corpo já estava envolto em um abraço amplo e forte.
Os braços do homem eram vigorosos e seu peito estava cheio de uma sensação de poder, uma força que transmitia segurança. Mesmo através do tecido, ela podia sentir o calor que emanava dele.
O corpo de Olivia ficou tenso e seus olhos se arregalaram.
“Vamos dormir.” A voz rouca de Daniel soou, abraçando–a enquanto se deitava com ela, envolvendo todo o seu corpo em seus braços, com as suas costas contra seu peito, suas mãos em torno de sua cintura e suas pernas até mesmo pressionadas contra as dela.
Não era uma força que a prendesse, mas a postura que a cercava completamente.
Olivia sentiu–se como uma lagarta dentro de um casulo, envolvida nos fios que formavam uma casca protetora ao redor.
Daniel agiu tão rapidamente que Olivia mal teve tempo de resistir, e quando se deu conta, já estava naquela situação.
Ela tentou se mover, mas não conseguiu, sentindo a respiração quente e poderosa de Daniel em sua nuca, estimulando seus nervos a se tensionarem junto com ela.
A respiração de Olivia se tornou rapidamente ofegante e ela disse: “Daniel, por favor, me solte primeiro.”
“Mãe, não deixe papai soltar, se ele soltar, o trovão vai nos matar.” A vozinha doce e melosa de Iria soou enquanto ela se aninhava no colo de Olivia, transparecendo uma mistura de mágoa e medo.
Enquanto falava, a pequena cabeça peluda se enterrava ainda mais no abraço de Olivia, fazendo–a sentir uma cócega no coração, repleta de ternura e impotência.
“Ouviu? É pela vossa segurança.” a voz rouca e magnética de Daniel ecoou ao ouvido de Olivia.