Capítulo 842
Mordendo os dedos, as lágrimas escorreram silenciosamente. “Você acordou.” Na escuridão da noite, a voz profunda de Daniel soou, trazendo consigo um ar de melancolia.
Olivia estremeceu, fechou os olhos e tentou conter as lágrimas, mas a sensação ácida na garganta era incontrolável.
“Por que ele caiu do prédio?” Sua voz tremia ao perguntar a Daniel.
O tempo parou, e um frio silêncio preencheu o ar.
Quando Olivia pensou que não receberia uma resposta, a voz de Daniel soou: “Ninguém esperava, ele pulou sozinho…”
Ninguém esperava que ele fizesse isso, então ninguém estava preparado para impedi–lo. Ele pulou sozinho?
Por quê?
O coração de Olivia doeu intensamente, e seu corpo se encolheu ainda mais.
Daniel sentou–se ao lado da cama, olhando para ela, que estava de costas para ele, encolhida em um canto, sem responder. Mas à luz do luar, ele viu o brilho das lágrimas em seus olhos.
Ela estava sofrendo muito, ele sabia disso, porque ela nunca tinha esquecido Sergio, e a morte dele causou uma tristeza imensa.
O rosto bonito de Daniel estava tenso, e ele permaneceu em silêncio.
Após um longo silêncio, Olivia engoliu em seco e perguntou com preocupação: “E ele, como está agora?”
“No necrotério do hospital, passando por preparação para o funeral” A voz sombria de Daniel respondeu à sua pergunta.
O coração de Olivia se apertou novamente, e ela quase mordeu a pele do dedo indicador.
“Levante–se e coma algo, você dormiu seis horas.” Daniel disse, acendendo a luz.
A luz branca e suave iluminou instantaneamente todo o espaço, fazendo Olivia fechar os olhos pela intensidade. Antes mesmo de se acostumar com a luz, o braço de Daniel deslizou ao redor de sua cintura e a levantou da cama.
Seu corpo estava mole, fraco, e Daniel a pegou no colo, ajudando–a a se sentar na cabeceira da cama.
Um tabuleiro já estava na mesa de cabeceira, contendo uma tigela de canja de arroz branco e outra de sopa de fungo branco – ambos alimentos leves.
Daniel afastou o cabelo caído na sua testa com seus dedos longos, revelando o seu rosto pálido e lábios descoloridos.
Seus olhos escuros tremularam levemente enquanto pegava a canja, servindo uma colherada e a levando até a boca dela.
Olivia virou a cabeça, recusando–se a comer.
Ela não tinha apetite, não podia comer; toda a sua mente e paladar imersos na tristeza devastadora, sem nenhuma vontade de comer.
A colher que Daniel estendia parou no ar, e sua expressão escureceu: “Coma!”
Olivia sentiu uma dor no coração, virou a cabeça, sem olhar para ele, e disse sem muita força: “Eu não quero comer.”
“Você não está sozinha, tem quatro filhos, você tem certeza de que quer ser teimosa?” A voz rouca de Daniel ressoou, seu rosto estava tenso.
Luzes de lágrimas piscaram nos olhos abatidos de Olivia.
Ela apoiou–se na cama, esforçando–se para se sentar um pouco mais reta e então virou–se para Daniel: “As crianças, já estão a dormir?”
Ela era mãe de quatro filhos; as crianças precisavam dela. Se ela desmoronasse, as crianças ficariam tristes e desamparadas.
Não era tudo o que ela tinha feito até agora para poder estar com os filhos?
Ouvindo–a perguntar sobre as crianças, a expressão sombria de Daniel finalmente se suavizou um pouco.
Pelo menos, ela ainda tinha preocupações, pensando nas crianças.
“Eles já estão dormindo, estavam fazendo birra para ficar com você, mas eu os mandei para a cama.” Daniel disse.