Capítulo 82
Olivia se apressou para terminar de se arrumar e viu que Teresa Rocha já estava na cozinha preparando a comida.
Ela deu uma olhada no relógio e já era meio–dia. Se fosse para o Grupo Griera agora, pegaria todo mundo saindo para o almoço.
Melhor era comer primeiro e depois ir.
Então, ela se acalmou e se juntou ao grupo de Mirella Rocha e as crianças, que se divertiam com um sorriso caloroso.
“Mãe, você quer um biscoito?” Iria levantou a mãozinha com um biscoito de frutas, seus olhos escuros brilhando de fofura.
Olivia somriu docemente e pegou no biscoito da mão dela: “Obrigada, meu amorzinho Iria.”
“De nada, mãe. Se você está feliz, eu também estou.” Iria sorriu com a boca aberta, mostrando duas covinhas nas bochechas rechonchudas e doces dela.
O coração de Olivia se aqueceu com o gesto.
Enquanto cozinhava, Teresa pensava na cena de dois dias atrás, quando voltou para Aldeia Souza.
A casa de Vânia Souza tinha virado um prédio alto e elegante, que bloqueava toda a luz do sol da casa delas.
Ela voltava para a terra natal dirigindo um carrão, enquanto eles tinham que pegar um trem carregando bagagem pesada nos ombros, uma diferença abismal.
A família da Vânia desfilava com roupas de marca e joias, enquanto ela vestia roupas velhas e não tinha nenhum adorno.
Sete pessoas espremidas em um apertado apartamento de 80 metros quadrados, ainda por cima alugado.
Era de cortar o coração.
Teresa saiu da cozinha e viu a cena aconchegante e alegre na sala.
Olivia sentada no tapete de espuma, cercada por quatro crianças, todas brincando alegremente com um brinquedo de trenzinho.
Com o trenzinho nas mãos, Olivia fazia “tutu” com a boca, imitando o som de partida do trem, enquanto os pequenos, segurando as costas uns dos outros como se fossem passageiros se movendo juntos, rindo como sinos encantadores.
Teresa, já irritada, viu a cena e ficou mais frustrada ainda.
Como Olivia podia ser tão despreocupada?
Sem o menor senso de urgência.
Se fosse outra no lugar dela, com dois idosos para cuidar e quatro crianças para criar, já estaria esmagado pela pressão, com a cara amarrada de preocupação.
Mas ela nem se preocupava e estava lá se divertindo.
Essa atitude em relação à vida era de um otimismo que deixava Teresa boquiaberta.
Com um olhar severo, Teresa falou com voz pesada para Olivia: “Já está atrasada e nem se preocupa. Não tem medo de ser demitida? Você tem responsabilidades, precisa ser mais responsável! Só sabe brincar e comer!”
O sorriso de Olivia endureceu brevemente e ela forçou uma risada: “Mãe, eu vou para o trabalho depois do almoço.”
“Quem disse que tem almoço para você? Não tem comida aqui.” Teresa respondeu com a face endurecida.
Iria, apoiada no tapete, levantou–se desajeitadamente e, balançando as perninhas curtas, foi até Teresa e puxou a roupa, olhando para cima com sua vozinha meiga: “Vó, deixa a mamãe comer, senão ela não vai ter forças.”
Inês, com sua voz fofa e séria, complementou: “Se a vó não deixar a mamãe comer, a gente dá nossos lanches para ela. A mamãe é boazinha, vó, não precisa sempre brigar com ela.”
Olivia sentiu as lágrimas de ternura vindo.
Teresa suspirou e suavizou a voz: “Não disse que não ia deixar sua mãe comer, mas ela vai ter que comer fora, no restaurante.”
Os olhos de Iria brilharam: “Eu também quero ir ao restaurante, posso ir?”
Teresa riu, meio sem jeito: “Sua mãe vai a um encontro, vocês pequenos não devem ir atrapalhar.”
Ela tinha arranjado com dificuldade um encontro para Olivia através de uma amiga do jogo de cartas. O cara sabia que ela tinha quatro filhos
e ainda assim estava disposto a encontrar com ela. Não podia deixar isso dar errado.
Um homem disposto a sair com Olivia, mesmo sabendo de tudo, era algo muito raro.
Capitulo 83