Capítulo 172
O restaurante na mansão dos Griera era uma entidade à parte. Um lugar onde a paisagem podia ser contemplada cristalinamente, sem obstruções.
As janelas abertas permitiam a entrada de uma brisa suave, perfumada pelo aroma das flores. Ao longe, o coro dos insetos e o canto dos pássaros preenchiam o ambiente. Desfrutar de uma refeição ali era um verdadeiro deleite para os olhos, o nariz e os ouvidos. “Vida de rico é outra coisa“, suspirou Olivia em pensamento.
Sobre a mesa, caranguejos imperiais, lagostas grandiosas e sashimi estavam dispostos, todos frescos e importados de terras distantes.
O aroma dos frutos do mar impregnava o ambiente, um espetáculo para os sentidos. Olivia mal havia começado a observar e já sentía a salivação.
Ela adorava frutos do mar, mas na Capital, longe do mar, essas iguarias eram um luxo que seu bolso, sustentando quatro crianças, não podia se permitir. Já fazia cinco anos que ela não provava a frescura do mar.
Agora, diante dela, um banquete marinho se espalhava sobre a mesa, e o aroma delicioso impregnava–lhe até a alma, fazendo–a salivar sem controle. Seu estômago traiu–a com um ronco indiscreto. Olivia corou, cobrindo a barriga com as mãos.
Dona Griera ouviu e sorriu, expressando carinho e calor: “Olivia, coma à vontade, como se estivesse em casa. Não se acanhe. Tudo foi preparado pensando em você.”
Olivia sorriu, meio sem jeito, tentando parecer menos boba, e respondeu: “Obrigada, vó. Mas como a senhora sabia que eu adoro frutos do mar?” Ela tinha certeza de que Daniel não tinha falado nada sobre isso.
Porque nem ele sabia. Até poucos dias atrás, mal se conheciam, e a relação deles se limitava à de patrão e empregada. Ele era um presidente executivo importante, e ela, apenas uma faxineira discreta. Por que um homem em tal posição se interessaria pelos gostos de uma simples funcionária?
A avó sorriu com doçura, lançando um olhar significativo para Daniel, sentado ao seu lado, e disse: “Foi um palpite, e acertei em cheio. Vê, eu também adoro frutos do mar, e o Daniel também. Isso mostra que vocês dois têm algo em comum. O ditado diz que ‘Santo de casa não faz milagre‘, mas vocês dois até que combinam, como se fossem feitos um para o outro.”
Sob o olhar insinuante de Dona Griera, Olivia baixou a cabeça, meio envergonhada, e riu, dizendo: “Que coincidência, né?” Era uma coincidência, já que ela nem sabia que Daniel gostava de frutos do mar.
Ao lado de Dona Griera, o Seu Griera permanecia calado; abrira uma lagosta e colocou a carne delicadamente no prato da esposa, dizendo: “Coma logo, antes que esfrie.”
Ao mesmo tempo, Daniel preparava uma lagosta e depositava a carne no prato de Olivia. Ela, ainda se sentindo deslocada, viu de repente uma porção de lagosta em seu prato.
Era Daniel quem a servia. Ela ficou emocionada e surpresa, olhando para ele atônita.
Ele, com a mesma expressão de sempre, disse com sua voz baixa e magnética: “Coma enquanto está quente.” Era verdade, ele tinha preparado aquilo para ela.
Ninguém jamais havia descascado um camarão para ela.
Sua mãe a amava, mas nunca se preocupava com esses pequenos gestos de carinho. Bastava que Olivia não passasse fome ou frio. Quanto ao conforto e à qualidade de vida, isso nem se discutia. Quando criança, Olivia devorava os camarões com casca e tudo. Crescida, aprendeu a descascá–los sozinha. Nem sua própria mãe se dera ao trabalho de descascar um camarão para ela.
E agora, de repente, alguém o fazia. Aquela sensação momentânea de acidez, emoção, calor e surpresa.
Seu coração apertou–se de emoção, e ela apressou–se em saborear a carne do camarão, levantando o polegar e elogiando: “Que delicia!”