Capítulo 483
Angela ficou sem palavras e, por dentro, sentiu como se uma manada de cavalos selvagens atravessasse seu coração em disparada.
“Você que pense o que quiser.”
Ela não queria mais explicar, levantou–se e caminhou em direção ao interior da cabine.
Felipe ainda estava contrariado, precisava esclarecer de onde aquele objeto estranho havia surgido!
Não podia ser coisa de Ângela, ela não tinha esse tipo de humor negro. Será que alguém a estava influenciando negativamente?
Na cabine das crianças, o jogo de xadrez terminou empatado.
Nilo havia deixado seu irmão ganhar vantagem sem encurralá–lo.
Galeno percebeu e sabia que não tinha chance contra Nilo no xadrez.
Mas ele não revelou isso e, com um sorriso no rosto, exclamou: “Uau, acho que não sou tão
ruim assim no xadrez“.
Nilo sorriu com o canto da boca: “O irmão de um tigre não é um filhote de cachorro.”
Galeno olhou para ele com seriedade, de repente parecendo um adulto pequeno: “Você precisa se lembrar que sou seu irmão, o único de verdade. Não comece a chamar de irmão qualquer criança que aquela mulher malvada possa ter.”
Nilo assentiu. Tendo crescido na familia Martins, ele sabia muito bem que entre irmãos de pais diferentes não havia laços de sangue, apenas competição por interesses.
Como poderiam se dar bem se suas mães eram inimigas por causa de uma disputa amorosa?
“Talvez ela tenha uma menina.”
Os olhos redondos de Galeno giraram: “Se for uma menina, você não estará em perigo e até poderá ser bom para ela.”
Ele piscou maliciosamente, entrelacou os dedos e apoiou o queixo: “Vamos orar juntos, querido. Deus, Jesus, Nossa Senhora, para que a mulher má só tenha meninas.”
Quando Ângela se aproximou e acariciou sua cabeça, ele perguntou: “O que está fazendo, meu amor?”
“Estou orando.” Galeno disse seriamente.
–
Ângela sorriu: “Orando pelo quê?”
Galeno fez uma careta: “Para que a madrasta do Nilo tenha uma menina“.
Os olhos de Angela escureceram um pouco. Se fosse uma gravidez natural, ter uma menina
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era totalmente possível, com 50% de chance.
“Ter uma irmãzinha seria bom. Seu tio Felipe até queria uma filha.”
Galeno cruzou os braços e suspirou como um adulto: “Oh, que decepção!”
Ângela não queria que o filho falasse assim de Felipe, afinal, ele era família.
“Galeno, não se fala assim do tio Felipe. Não importa o que aconteça entre eu e ele, ele sempre será seu parente e sempre foi muito bom para você, não foi?”
Galeno baixou a cabeça: “Eu até que estava começando a gostar dele, mas ele decepcionou todo mundo. O vovô, a vovó, o tio e os bisavós estão todos desapontados com ele!”
No fundo, ele desejava que a mãe e tio Felipe ficassem bem juntos; assim, pelo menos a família de Nilo continuaria unida.
Agora, ele e Nilo eram crianças de famílias monoparentais.
Ângela abraçou os ombros dele: “Meu amor, o mundo adulto é complicado, não é preto no branco. Talvez o tio Felipe tenha seus motivos para agir assim. Não deixe que os problemas. dos adultos o afetem, certo? Aconteça o que acontecer, o tio Felipe sempre vai amar você, isso não vai mudar.”
Galeno franziu os lábios em silêncio, depois olhou para ela: “Você e o tio Felipe vão voltar a ficar juntos?”
“Não sei.”
Quanto ao futuro, Ângela não tinha certeza de nada; o mundo é imprevisível e ninguém pode prever o que vai acontecer.
Nilo se aproximou e pegou a mão de Galeno: “Podemos orar juntos.”
“Sim.” – Galeno sorriu, mostrando seus dentes adoráveis.
A mãe de Aron costumava orar a Deus e dizia que, desde que fosse com sinceridade, Deus sempre ouviria.
Felipe, parado do lado de fora da cabine das crianças, ouviu a conversa.
Ele realmente gostava bastante de Galeno.
Embora esse garoto fosse sarcástico e cheio de truques, tratando os outros com certa frieza, ele ainda era adorável, parecendo um pequeno elfo travesso.
Sempre que eu o via, não conseguia deixar de pensar nele como Noe, esquecendo que ele era, na verdade, filho de Ângela e Elton.
Se Noe ainda estivesse vivo, talvez fosse parecido com Galeno, não é mesmo? Quem sabe teria o jeito de Angela?