Capítulo 466
Ângela chegou em casa e foi direto para o banheiro, com lágrimas que já não podia conter enchendo seus olhos.
Ela abriu a torneira, deixando o som da água abafar todos os outros ruidos, e então cobriu o rosto, chorando desconsoladamente.
Embora não ousasse acreditar em Felipe, no fundo ainda nutria uma réstia de esperança.
Esperava que ele estivesse arquitetando algum plano em segredo, que tivesse se divorciado e casado com Leila por pura necessidade, como havia feito três anos atrás.
Esperava que ele realmente cumprisse sua promessa e voltasse após seis meses.
Agora, toda esperança havia sido cruelmente consumida pelas chamas, deixando apenas um terreno desolador de desespero.
Antes, ela sempre achava que era desapegada, que conseguia deixar ir, que não seria manipulada por um homem. Mas agora percebia que não era tão forte, descolada ou inteligente quanto pensava; uma vez apaixonada, tornava–se dificil seguir em frente.
Por isso, permitia–se ser enganada repetidamente.
As lágrimas corriam entre seus dedos como uma fonte, tal qual a tristeza em seu coração que parecia inesgotável.
Nesse momento, o celular tocou, era Felipe ligando, ela o ignorou com raiva.
Ele ligou de novo, e ela simplesmente desligou o aparelho.
Felipe estava do lado de fora da casa, com a família Alves reunida: era muito tarde para ele entrar.
Vendo que ela desligara o celular, suspirou resignado, sabendo que ela estava furiosa.
Talvez amanhã ela estivesse um pouco mais calma.
Infelizmente, Ângela não estava nada calma. Na manhã seguinte, assim que Felipe chegou ao escritório, ligou para ela: “Venha ao meu escritório.”
“Entendido, Sr. Martins,” ela respondeu secamente e desligou, sem intenção de aparecer.
Felipe esperou meia hora e, sem vê–la, ligou para Justina pedindo que chamasse Ângela.
Mas Ângela não queria ir de jeito nenhum: “Diga ao Sr. Martins que estou muito ocupada hoje e não posso ir ao escritório dele.”
Justina percebeu que era uma briga com o chefe e discretamente se retirou.
O ressentimento de Ângela dentro do peito estava prestes a explodir como um balão de ar quente prestes a se romper. Foi então que a porta do escritório se abriu e a imponente figural de um homem se postou na entrada.
Todos ao redor ficaram apavorados, não ousando fazer barulho, mergulhando no trabalho e fingindo não ter visto nada.
Era a primeira vez que o grande chete entrava no escritório de design!
Angela olhou para ele com desdem: “O que aconteceu de tão grave para o Sr. Martins fazer uma visita pessoal?”
Felipe techou a porta e baixou as cortinas.
“Eu já te disse para não confiar cegamente no que vé ou ouve, esqueceu?”
Ela resmungou: “Por favor, seja direto e claro, não me enrole. Sou burra, não consigo entender tantas voltas!“Felipe aproximou–se e girou a cadeira dela, apoiando as mãos nos braços da cadeira e olhando-a seriamente: “Exceto por você, não toco em outra mulher.”
Ela riu com sarcasmo. E o filho de Leila? Surgiu do nada?
Não poderia ser…
Ela estremeceu: “Leila não engravidou naturalmente, mas por inseminação artificial?*
Felipe se engasgou e deu um peteleco na testa dela: “Você vai longe demais com essas suposições.
“E o que mais?” Ela resmungou, claramente irritada. “Não me diga que você aceita ser corno voluntariamente.”
“Contanto que você não me traia, o resto não importa.” A única mulher que ele se importaval era ela.
Angela ficou surpresa, o que ele estava fazendo? Ela não conseguia entender mais nada! Mas, tinha que admitir, a raiva em seu coração começava a se dissipar.
Amar alguém era assim, todos os sentimentos involuntariamente influenciados por essa pessoa, uma montanha–russa emocional.
Feliz por ele.
Triste por ele.
Angustiada por ele.
“De qualquer forma, se em seis meses você não cumprir todas as suas promessas, eu me caso de novo e cortamos relações para sempre.”
Os lábios dele curvaram–se num leve sorriso: “Combinado.”