Capítulo 448
Henrique estava jogando pela primeira vez.
Para jovens de elite como eles, a maioria cresceu no exterior e tinham pouca exposição às atividades de entretenimento populares locais.
Elton também não sabia jogar antes, mas durante uma estadia em Ouro Preto, Angela Alves o transformou num expert.
Galeno também sabia jogar.
Os três frequentemente se juntavam para uma partida de truco.
Angela Alves se sentou ao lado de Henrique para orientá–lo.” Presidente Dias, você está com uma mão boa, dá para chamar o truco.”
Henrique percebeu sensivelmente que ela havia mudado o tratamento com ele novamente, o que o deixou um pouco desanimado, mas tudo bem, ele vai se esforçar para melhorar o relacionamento entre eles. “Com uma conselheira dessas, essa rodada já é minha.”
“Isso não é garantido, minhas cartas também estão boas,” riu Enzo Alves.
Elton sentiu um desconforto interno, uma pontada de ciúmes. Ele não gostava de ver Ângela Alves sentada ao lado de Henrique.
No andar de cima, Galeno levou Nilo para o seu quarto.
Nilo piscou, parecendo ter se lembrado de algo, e perguntou: “Galeno, se sua mãe se casar com o Tio Chico, você vai morar com ela na casa nova ou vai ficar com seu pai?”
“Claro que eu fico com meu pai.” Respondeu Galeno sem hesitar.
Nilo comentou: “Então você terá que viver com a madrasta? E ela vai ter um irmãozinho.”
Galeno fez uma careta, “Meu pai nunca viveria com a Lisa. Ele até mandou ela para o hospital para impedir que ela tivesse um irmãozinho. Ela ficou tão assustada que fugiu para o Mato Grosso e não ousa mais voltar.”
Certo dia, ele se escondeu perto da escada e viu seu pai arrastando Lisa para o hospital. Ela chorava desesperadamente, agarrando–se às pernas da mesa. Foi então que a Vo Fidelia chegou e impediu seu pai, levando Lisa embora.
Nilo ficou surpreso: “Sua madrasta voltou para o Mato Grosso?”
Galeno assentiu: “Sim, se ela não tivesse se escondido, meu pai já teria se divorciado dela.”
Nilo suspirou.
Se sua mãe se casar com o Tio Chico, ainda seria da familia Martins e poderia visitar a Mansão Martins com frequência.
Se ela se casasse com o Tio Chico, ele não visitaria mais a Mansão Martins. Suas chances de ver sua mãe seriam ainda menores.
Perdido em pensamentos, Galeno deu um suspiro: “Por que o mundo dos adultos é tão complicado?”
“Talvez porque nossos pais não sejam pessoas comuns, o mundo deles é mais complexo.”
Nilo fechou a porta do quarto e puxou as cortinas.
Ele tirou a máscara de Galeno, revelando um rostinho idêntico ao seu.
“Por que a gente se parece tanto?”
Galeno fez uma careta: “Porque somos filhos da mesma mãe, ué.”
Mas nenhum de nos se parece com ela.
Nilo pensou consigo mesmo, cobriu a boca e sussurrou para ele uma confidência.
“Bruna me disse que eu tenho um irmão gêmeo que foi sequestrado por bandidos assim que nasceu. Nossos pais se separaram enquanto o procuravam.”
Galeno se sentou à mesa e começou a brincar com seus modelos, como se não tivesse ouvido nada.
Nilo se aproximou: “Você está me ouvindo?”
Galeno, brincando com o modelo, assentiu: “Ouvi um pouco.”
Nilo deu–lhe uma tapinha no ombro: “Será que você é meu irmão gêmeo?”
Galeno balançou a cabeça energicamente: “Não sou, não. Tenho meu pai, e ele é seu tio.”
Nilo falou seriamente: “Mas você não se parece com o Tio, se parece com meu pai.”
Galeno pegou um carrinho e o deslizou pela mesa, “Ele é meu tio, não é surpreendente eu me parecer um pouco com ele. Meu melhor amigo, Aron, também se parece com ele.”
Nilo o olhou com um olhar significativo e profundo: “Você não quer ser meu irmão gêmeo?”
“Não quero,” disse Galeno sem hesitar. Ele também era uma criança prodigio de alta inteligência. Tudo o que Nilo poderia pensar, ele já havia considerado, estava apenas fingindo não saber.
Ele não queria ser filho do Tio Gelo, queria apenas ser filho do seu papai. Ele amava seu papai acima de tudo e jamais o deixaria, queria estar com ele para sempre.
