Capítulo 434
Ângela Alves passou a mão pelos cabelos dele, sentindo uma dor cortante no coração.
Naquela época, Nilo ainda era tão pequeno quando fora forçada a se separar dele. Agora, parecia que a tragédia estava prestes a se repetir.
Incapaz de ficar ao seu lado para protegê–lo, ela vivia preocupada com sua segurança a todo momento.
“Nilo, este lugar já não é mais o lar da mamãe, não posso ficar aqui. Desta vez, eu vim para te avisar que a Leila é uma pessoa muito perigosa. Você deve manter distância dela e não pegar nada que ela te oferecer, para evitar que ela possa te envenenar.
Nilo assentiu com a cabeça. “Entendi, mamãe.”
Ele não queria nada que viesse de Leila, e ela não podia entrar na Mansão Martins.
“Tem que se lembrar disso, não esqueça de jeito nenhum.” Ângela Alves insistiu, preocupada demais para se sentir tranquila.
Nilo levantou a mãozinha e, como um adulto, bateu no ombro dela. “Pode deixar. mamãe, eu não vou esquecer. Vou cuidar de mim mesmo.”
Ele tinha uma memória de elefante; a palavra “esquecer” não existia no dicionário da sua vida. Ângela Alves abraçou o filho com carinho, beijando sua cabeça.
Quanto mais maduro ele se tornava, mais ela sofria, sentindo–se como se uma corda apertasse seu coração, impedindo–o de bater regularmente.
Nilo tirou um colar de dentro da roupa.
“Mamãe, você que fez este colar, né? Papai me deu anteontem, disse que foi você quem fez. Eu adorei, este boto é muito fofo, vou usar sempre.”
Ângela Alves ficou chocada, com os olhos arregalados.
Não era aquele o colar leiloado na festa?
Como foi parar no pescoço do filho?
Será que…
Enquanto ela estava atônita, Felipe voltou.
Ela pediu para o filho ir para o quarto enquanto ela mesma queria esclarecer as coisas com Felipe.
“O misterioso comprador do meu colar no leilão do Clube Musa foi um arranjo seu?”
Felipe serviu–se de um copo d’água e sentou–se no sofá. “Como eu posso deixar que outros levem suas coisas?”
“O que você quer dizer com isso?”
Ângela Alves o encarou fixamente, com um olhar afiado, tentando penetrar por trás daqueles olhos frios para desvendar seus pensamentos enigmáticos.
Felipe manteve sua expressão fria, como se usasse uma máscara para esconder todas as suas emoções.
“O que você acha que significa, é o que significa.”
Angela Alves deu um passo à frente e agarrou o colarinho dele. “Você se arrependeu? Se arrependeu de se divorciar de mim e casar com a Leila?”
Felipe não respondeu; ela estava muito próxima, com seu corpo encostando no dele.
O perfume dela o envolvia, desequilibrando–o internamente, enquanto a razão era lentamente consumida e as hormonas borbulhavam em turbulência.
Ele desejava tanto beijar seus lábios suaves, tocar seu corpo sedutor, possui–la completamente.
Mas ele não podia, e tinha que resistir ao impulso, com cada nervo de seu corpo dolorido pela contenção.
Angela Alves percebeu a reação atipica dele.
“Felipe.se você se arrependeu, divorcie–se dela. Estou disposta a me reconciliar com você.”
Para Nilo, ela pode suportar sua traição e abandono. Desde que Nilo estivesse seguro, ela toleraria a falta de felicidade e uma vida de aparências.
Felipe engoliu em seco, com uma dor árida em sua garganta.
Na verdade, ele nunca havia se casado com Leila. Com seu poder, forjar um casamento falso era fácil, mas ele não podia dizer isso a ela.
Afastando a mão dela, ele se levantou e foi até a mesa para se servir de mais água, tentando se manter calmo.
“Você está pensando demais.”
Ele se esforçou para manter a voz ainda mais indiferente do que imaginava.
Ângela Alves sentiu como se um balde de água fria a tivesse atingido, uma frieza penetrante, um desespero absoluto.
