Capítulo 396
Ela deveria estar grata a ele, com lágrimas de gratidão?
Agradecer por ele ter a traido e reacendido um velho romance com seu amor do passado, the devolvendo a liberdade?
Angela Alves sentiu uma ironia imensa.
Talvez ele nunca a tivesse visto de verdade, nunca a considerou uma esposa igualitária.
“Por que você tem o direito de decidir se devemos nos divorciar ou não? Eu posso ter nascido em humildade, posso ser uma mera erva daninha, mas ainda tenho dignidade. Não sou um brinquedo que você pode manipular à vontade, descartando–o conforme desejar.”
Ela tirou do bolsa o acordo de divórcio, rasgou–o com força e raiva, atirando os pedaços no ar, que voaram como flocos de neve, espalhando–se pelo chão.
“Eu não vou me divorciar, não vou facilitar as coisas para você e Leila. O que você fez comigo no passado, agora será feito com você. Esqueça essa ideia.”
O coração de Felipe estremeceu violentamente.
Ela o surpreendeu completamente.
Ele pensou que ela assinaria sem hesitação, como fez três anos atrás, jogando os papéis em seu rosto e partindo com raiva.
Mas ela tinha quebrado o acordo de divórcio. Ela sempre fazia algo que ele não esperava.
Ele agarrou a xícara de café na mesa e engoliu um gole, o amargor intenso invadindo–o como se fosse quinina, espalhando–se da lingua para o mais profundo do seu ser.
“Você não disse que era alguém que sabia como desapegar–se facilmente? Por que não consegue agora? Você se apaixonou por mim?”
Sua voz tremia ligeiramente com essas palavras, carregadas de uma esperança sem fim.
Bastaria um aceno de cabeça dela, e ele não teria arrependimentos, mesmo que lhe custasse a vida.
Mas Angela Alves apenas riu com desdém. “Como eu poderia me apaixonar por alguém tão frio e desalmado como você? Eu estou fazendo isso pelo Nilo, meu filho não pode viver sob a ameaça e a sombra de uma madrasta.”
Ela não era Tina, não era Helena. Ela não faria o papel da mariposa que voa para o fogo. Amar ele seria masoquismo, autodestruição. Ela não era tão tola. Mesmo que tivesse dado uma parte do seu coração a ele, ela encontraria uma maneira de reaver.
Suas palavras atingiram Felipe como uma faca impiedosa.
Então era por causa do Nilo.
Ele sabia que ela ainda não o amava e que ela certamente voltaria para Elton se se divorciassem.
Felizmente, Lisa estava grávida, então Elton não poderia se divorciar. Ele ainda teria tempo, após a recuperação dela, para reconquistá–la.
Ele tomou outro gole de café, seu semblante esfriando de repente.
“Um casamento sem amor é como um túmulo. Não faz sentido se apegar a ele. O que eu decidi não vai mudar, quer você concorde ou não.”
“Não se esqueça das regras da família Martins. Se tiver coragem, convoque uma reunião de familia. Agora, a pessoa que errou é você, não sou eu.”
Ângela Alves deixou essas palavras para trás e foi em direção à porta, mas ao virar–se, viu Leila se aproximando.
Ao ver Ângela Alves, um brilho sombrio passou pelos olhos de Leila, que correu até a porta, apertando–se para passar por Angela Alves.
Angela Alves revelou um sorriso de escárnio. A porta era realmente estreita, nunca poderia acomodar três pessoas.
Leila chegou perto de Felipe, agachou–se, agarrou seu braço e encostou a cabeça em seu ombro.
Era uma demonstração clara de afeto, uma provocação para Ângela Alves.
Ela notou os pedaços rasgados do acordo de divórcio no chão.
Aquela pequena descarada se recusava a se divorciar, ela deveria ter cuidado para não encontrar–se com o anjo da morte.
“Ângela Alves, eu e Felipe nos amamos de verdade. Espero que você possa nos abençoar.”
A cena era demais para Ângela Alves, seus olhos doíam como se fossem perfurados por agulhas.
“Desculpe, mas o meu dicionário nunca teve a palavra ‘abencoar“.”
Um ar de ameaça passou pelo rosto de Leila. “Mas Felipe não te ama, ele ama a mim. Um casamento sem amor não pode ser feliz.”
Ângela Alves soltou uma risada sarcástica e disse de propósito: “O Sr. Martins é um homem de paixões avassaladoras, seus sentimentos mudam como as marés. Ele já foi apaixonado pela sua irmã Helena. Ele jamais será homem de uma só mulher, ter várias amantes é questão de tempo. Então, amar ou não amar, que diferença faz?”