Capítulo 356
A velhinha estava na sua cadeira de descanso, saboreando uma fatia de jaca, quando falou: “Eu e seu avô deixamos nossa caderneta de poupança com o Lourival cuidando, então você vai ter que resolver isso com ele.”
Ela sabia que, se tentasse tirar a caderneta das mãos do Lourival, poderia acabar se estressando e perdendo a estadia na mansão e a ajuda dos empregados.
Valéria não queria pedir favor para a Keila. Antes, com a ajuda da velhinha, ela sempre tinhal uma vantagem sobre a Keila em casa.
Agora, as coisas eram diferentes. A Keila, com o casamento rico da filha, queria pisar na Valéria, deixando–a quase louca de raiva.
Mas, pelo bem do seu filho e pelo pouco dinheiro da velhinha, ela não tinha escolha a não ser engolir o orgulho.
“Querida cunhada, agora que sua família está tão bem de vida, com certeza não vão se importar com a aposentadoria dos meus pais, então poderiam emprestar para gente?”
Keila respondeu friamente: “Em vez de ficar cobiçando a aposentadoria dos pais, era melhor fazer o Lázaro arrumar um emprego. Fazendo entrega ou sendo segurança, por exemplo, ele também poderia ajudar nas despesas. Além disso, o dinheiro para criar os filhos vem todo da sua nora, então as despesas de casa não devem ser tão altas. Só não vão gastar tudo apoiando influencers, senão vão acabar perdendo mais do que ganham.”
Lázaro ficou com raiva, mudando de cor: “Eu gosto de apoiar aquelas garotas, qual é o problema? Sou o filho mais velho da família, então a aposentadoria dos meus avós deveria ser naturalmente minha.”
Ângela Alves, que estava ali do lado, interveio calmamente: “Primo, não se esqueça que você ainda está em liberdade condicional. Ter itens ilegais é um crime grave, se você não se comportar, nem vou pedir pro advogado te ajudar.”
Essas palavras assustaram o Lázaro, que ficou sem reação.
“Se você é tão capaz assim, por que não arranja um emprego para mim? Como vou me comportar direito desse jeito?”
Ângela Alves olhou para ele, percebendo que com a preguiça dele ele nunca ia conseguir arrumar um emprego sozinho, e concordou relutantemente.
“Vou ver se consigo um emprego de vigia para você, é só sentar e ganhar uma grana fácil.”
Lázaro achou que o trabalho ia ser tranquilo, podendo até jogar no celular, e aceitou a oferta.
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Valéria ainda estava insatisfeita, pensando em como ia perder uma boa grana.
“Um vigia ganha tão pouco…”
“Se ele fizer um bom trabalho, posso transferir ele para uma comunidade chique. Lá, com certeza ele vai ganhar mais“, disse Angela Alves.
Os olhos do Lázaro brilharam. Ele já se via trabalhando num clube de luxo, onde com certeza não la fallar mulher bonita.
Depois que os dois se foram, Keila levou a velha senhora e o senhorzinho para o centro del atividades, enquanto Angela Alves voltou para a mansão dos Alves.
Felipe estava no quintal ensinando as crianças a jogar beisebol.
Era o esporte favorito de Galeno.
“Tio Gelo, você também sabe jogar beisebol?” – perguntou Felipe, levantando uma sobrancelha.
“Não tem nada que eu não saiba fazer.”
Galeno fez uma careta: “Você não é tão bom quanto meu pai. Na escola, ele era o campeão do beisebol.”
No seu coração, o pai dele era o homem mais incrível do mundo, sem igual.
Nilo falou: “Meu pai também é muito bom. Entre irmãos, não precisa ter competição, assim como acontece entre eu e você.”
“Oh” – murmurou Galeno, franzindo os lábios.
Mesmo assim, ele ainda achava que o pai dele era o melhor.
Felipe acariciou sua cabeça: “Você sempre usa essa máscara. Eu e Nilo nunca vimos o seu
rosto.”
Galeno tocou a pequena máscara de tigre no seu rosto.
“É uma máscara terapêutica para minha ansiedade social. Eu não posso tirar. Sou igualzinho ao meu pai.”
Ele disse isso e lançou um olhar rápido para Nilo.
Nilo não o desmentiu, porque tinha prometido não revelar os segredos entre eles.
Por um momento, o olhar de Felipe escureceu.
Por um instante, ele desejou que Galeno fosse o Noe.
Mas como que ele poderia ser Noe?
Noe já não estava mais ali com eles.
