Capítulo 2
As lágrimas, como pérolas soltas de um colar rompido, deslizavam dos olhos dela, caindo uma a uma, estilhaçando–se sobre a barra da calça de Felipe.
Ele sentiu claramente a umidade.
Aquela mulher, será que era idiota de verdade ou estava fingindo?
“Não use truques comigo, senão, será demitido quando sair“, ameaçou ele.
Ao acionar a lanterna do celular, a escuridão do elevador foi invadida por luz.
Ângela Alves viu seu reflexo no brilho da parede.
Ajoelhada, com a cabeça presa entre as longas pernas dele.
Era uma posição estranha, tremendamente constrangedora!
O rosto dela ficou vermelho como pimenta, quase pingando sangue, e ela escorregou a cabeça para baixo, para baixo, torcendo para um lado e para o outro, até finalmente se libertar.
“Senhor Martins, desculpe, não estava tentando ser esperta, eu realmente não conseguia ver nada e achei que estava presa…”
Ela se curvou em um ângulo de noventa graus, pedindo desculpas repetidamente.
Dizem que a gravidez deixa uma mulher meio boba por três anos.
Ela só tinha descoberto a gravidez e já estava agindo de modo tão tolo?
Felipe afrouxou a gola da camisa, incomodado com o calor que aquela mulher lhe provocava.
“Você tem algum segredo para me contar?”
Naquele momento, Ângela Alves não ousava dizer mais nada.
O chefão obviamente tinha entendido errado, pensando que ela estava assediando–o sexualmente. Se ele descobrisse que o filho dele tinha sido colocado por engano no ventre dela, não ficaria furioso e torceria o pescoço dela?
“Eu só queria dizer que, mesmo você tendo assumido o cargo recentemente, todos o admiram muito.”
Um sorriso irônico surgiu no canto da boca de Felipe.
Ele já estava cansado de ouvir essas bajulações sem originalidade.
“Não seja dissimulada, concentre–se mais no seu trabalho.”
“Sim, o senhor está certo, vou lembrar sempre disso.”
Ângela Alves se recolheu ao canto, refletindo sobre suas ações.
O elevador finalmente voltou a funcionar.
Ela saiu correndo como um rato assustado, encolhendo o pescoço e desaparecendo corredor afora.
A vida é feita de surpresas, mas as surpresas que ela encontrou hoje foram demais!
Assim que Felipe entrou no escritório, recebeu uma ligação de um subordinado.
O banco de genes da família Martins havia sido roubado.
Seu esperma armazenado havia sido roubado!
Um lampejo de fúria passou pelos seus olhos, e ele imediatamente voltou para a Mansão Martins.
Naquele momento, Tina estava compartilhando boas notícias com a velha senhora da família.
A velha senhora estava tão feliz que mal podia abrir os olhos.
Dois anos atrás, o filho tinha sido atacado por uma serpente venenosa na Amazônia. Embora tivesse sobrevivido, o veneno afetou a qualidade do seu esperma, e a recuperação total poderia levar anos desconhecidos.
Felizmente, antes de partir, ele havia armazenado seu esperma.
Ela estava sempre preocupada que não conseguiria ter um neto, mas agora podia descansar.
Felipe, com o rosto sombrio e frio, disse: “Você fez isso em segredo, não é demais?”
A velha senhora agarrou a mão do filho. “Fiz tudo isso por você. Seu pai teve quatro filhos, e eu só tenho você. Mesmo que você tenha assumido a liderança da família Martins, seus três irmãos estão sempre à espreita. Você só terá paz quando tiver um herdeiro legítimo.”
Ela colocou a outra mão no ventre de Tina. “A operação foi um sucesso, e Tina está grávida. Amanhã, vocês irão se casar no cartório. A gravidez deve ser mantida em segredo para não colocar a criança em perigo. Só anunciaremos quando estiver perto do parto.”
Tina parecia tímida, mas por dentro, estava cheia de veneno.
Ela já tinha planejado. Assim que Ângela Alves desse à luz, ela iria matá–la e ficar com o bebê, e ninguém saberia que a criança não era dela.
Felipe a olhou friamente e chamou um subordinado: “Leve–a para fazer o teste de gravidez no andar de cima.”
Tina quase caiu do sofá de susto.
Se fizessem o teste, não seria o fim do disfarce?
“Felipe, os exames do hospital não podem estar errados. Não precisal testar novamente.”
“Quero verificar pessoalmente.”
O olhar penetrante de Felipe parecia capaz de revelar qualquer segredo. Tina empalideceu. “De repente, meu estômago começou a doer. Quero ir para casa descansar.”
Ela tentou se levantar para fugir, mas Felipe a segurou e ordenou que o subordinado a levasse à força para o andar de cima.
Logo, o resultado saiu.
Negativo!
Tina soluçou e desatou a chorar, “Desculpe, a operação não falhou, eu não queria que a senhora preocupasse, por isso menti.”
Ela nunca diria nada sobre a gravidez de outra mulher, caso contrário, o que ela faria se Felipe se casasse com aquela mulher?
“Meu neto se foi?”
Era o único gene saudável do seu filho.
A senhora, tomada pela consternação, sentiu um escurecer dos olhos. e desmaiou.
Felipe correu para ampará–la e a levou para descansar em seu quarto, ordenando que um subordinado fosse ao hospital investigar.
Ele sabia muito bem das artimanhas de Tina e não acreditava em uma palavra sequer que saísse de sua boca.
O subordinado descobriu rapidamente a verdade.
“Senhor Felipe, a operação não falhou. Devido a um erro médico, seu gene foi implantado em outra mulher. Ela já está grávida de mais de um mês.”
Ele passou a ficha da mulher para Felipe.
Ao ver o rosto inocente na fotografia, Felipe sentiu um baque forte.
Era ela!
Ângela Alves passou a tarde inteira atordoada.
O chefão certamente descobriria a verdade, não é? Será que ele estava pensando em como lidar com ela e a criança que carregava?
Hoje não precisava trabalhar até mais tarde.
Ao sair da empresa, estava prestes a entrar na estação do metrô quando um homem careca se aproximou, pressionando uma faca contra as suas costas.
“Comporte–se bem e venha comigo, ou acabo com a sua vida agora mesmo.”