Capítulo 0199
Estar de volta em sua terra natal a deixava emocionada, lembrando que havia vivido muitos momentos felizes naquele lugar.
Era fim de semana e havia um feriado na cidade. Sabia que, por conta disso, os pais estariam na pousada onde trabalhavam, então ela dirigiu até lá, sem haver avisado que iria, pois queria fazer uma surpresa.
Estacionando o carro em frente à pousada, desceu do carro e esperou por Ethan, que tirava Ava do bebê–conforto. Enquanto olhava pela porta de vidro da frente, acabou sendo avistada por sua irmã, Rose.
–
Não acredito
disse Rose.
Saindo de trás do balcão, correu para abraçar a irmã.
Rafaela a saudou.
—
Olá, maninha
–
Rafa, você voltou
dizia com lágrimas nos olhos.
Pois é, eu voltei.
Animada com a presença da irmã, Rose deu um grito de felicidade, que acabou chamando a atenção da mãe, que estava passando pela recepção.
―
Mãe, olha só quem veio nos visitar Rose dizia alegre, puxando Rafaela para dentro da recepção.
Sueli encarou a filha por alguns segundos, até andar até ela e abraçá–la.
– Sabia que você viria
―
disse, começando a chorar. Eu disse que
reconsideraria e voltaria para casa.
Sueli estava tão emocionada, que nem notou Ethan entrar pela porta da recepção, com a filha no colo.
explicou.
Não pense demais, mãe, minha presença aqui é apenas uma visita Quero que o restante da minha família conheça a minha filha, e quero também apresentar o meu namorado ao meu pai.
Ao notar a presença de Ethan ali, rapidamente soltou Rafaela do abraço e começou a encará–lo, sem entender o que estava acontecendo.
Ter escutado a palavra namorado, fez seus olhos se arregalarem, começando a ficar curiosa sobre o que havia acontecido com a filha no período que passou sem ter dado notícias.
Então, essa é a minha sobrinha?
perto.
Rose correu para observar Ava mais de Meu Deus, Rafa, ela se parece com o Cadu, quando ele era mais novo.
Cadu era o filho mais novo de Rose, sobrinho de Rafaela.
Pois é, eu disse que o meu sobrinho era a minha cara, não disse?
Só após analisar Ava, minuciosamente, foi que Rose parou para avaliar o rosto de Ethan, o que a fez ficar paralisada de boca aberta por alguns segundos.
Dando passos vagarosos, para trás, se aproximou novamente de Rafaela e sussurrou em seu ouvido.
–
–
–
–
Esse é mesmo o seu namorado?
Isso mesmo
–
respondeu convencida.
Maninha, ele é muito gato sussurrava com medo de que Ethan a escutasse.
—
Não precisa falar baixo, ele não entende a nossa língua.
– Sério? O olhou mais uma vez, notando que Ethan estava com uma expressão confusa sobre o que elas estavam falando, já que não tiravam os olhos dele.
Estou começando a ensiná–lo o português, mas acho que vai ser uma tarefa um pouco difícil – explicou.
–
Já que é assim
dizia animada.
sorriu.
Meu Deus, que cara gato que você foi arrumar
Ele é mil vezes mais bonito que…
riu.
—
–
Você
parou um pouco. Agora consigo entender um
sabe com quem quero compará–lo, né? pouco o motivo de você querer ficar isolada naquele país, longe de todo mundo, com um homem como esse, até eu desistiria do Brasil.
Para de falar essas coisas, sua louca! Se esqueceu de que você é muito bem- casada?
Não, não me esqueci, mas o Eduardo nem chega aos pés do seu namorado gringo.
Sueli percebia a animação das duas filhas, mesmo assim, continuava com um semblante sério, querendo entender o que havia acontecido.
Percebendo que Ethan estava um pouco desconfortável com toda aquela exposição, Rafa se aproximou dele, o segurando pelo braço.
Esta é Rose, minha irmã
mas é gente boa.
– Olá, Rose.
apresentou a irmã.
–
Ela é um pouco estranha,
Pegando Ava do colo de Ethan, deixou que ele saudasse Rose com um aperto de
mão.
É um prazer conhecer você, cunhado. Por favor, fique à vontade.
Como trabalhava em uma pousada que recebia pessoas de todos os lugares, todos ali eram fluentes em inglês, então não seria difícil se comunicar com Ethan.
Educadamente, Rose convidou–os para se sentarem na sala vip da pousada.
Vou chamar o papai, ele está lá em cima com o Eduardo, consertando um chuveiro de um quarto disse Rose.
–
Vou com você, quero muito fazer uma surpresa a ele Rafaela disse, se levantando. Pode me esperar aqui por um momento, Ethan?
ele.
–
– Claro, sem problemas.
–
perguntou a
Com Ava no colo, Rafaela e Rose subiram as escadas que levavam aos quartos de cima, decididas a fazer uma surpresa ao pai.
Na sala, ficaram apenas Ethan e Sueli, que ainda o encarava em silêncio.
Ela estava disposta a interrogá–lo, aproveitando estarem sozinhos.
– É bom vê–la de novo,
senhora disse ele.
―
Quero muito dizer o mesmo, mas continuo confusa com tudo – explicou. Rafaela disse que vocês estão namorando, é verdade?
―
Isso mesmo.
Então significa que você sabe que… parou de falar no mesmo instante.
–
Que Ava, é a minha filha? questionou.
Sim, eu já sei.
Pelo que ela me disse, você não gostava de crianças e…
Sei que a Rafaela te contou muitas coisas a meu respeito a interrompeu. Mas preciso que saiba que as coisas não são mais do jeito que a senhora imagina. Acredito que esteja muito preocupada com sua filha, mas quero te acalmar e dizer que a amo, e amo muito a minha filha também.
—
Você as ama?
Perguntou surpresa.
Mais do que a senhora consegue imaginar.
Mas…
―
estava confusa.
Acredito ser normal estar confusa, mas peço que acredite que estamos nos
abertura para uma coisa muito mais séria.
Por acaso, você mudou de ideia, só porque descobriu ser o pai da Ava?
É claro que não. Já gostava da sua filha há muito tempo, a Ava foi apenas a ponte que nos ligou.
Isso é mesmo verdade?
o questionou.
Ou você e a Rafaela estão aqui para
nos enganar? Conheço muito bem a minha filha e ela é do tipo que faz essas coisas, só para tentar nos despreocupar.
– Jamais brincaríamos com algo tão sério. Estamos aprendendo a conviver com nossas diferenças e medos. Embora tenha sido um idiota no início, farei de tudo para compensar sua filha, por toda raiva, tristeza e mágoa que eu um dia lhe causei.
Os olhos de Sueli começaram a encher de lágrimas.
–
Se o que diz é realmente verdade, acho que devo um pedido de desculpa à minha filha
começou a chorar. Posso ter parecido muito dura quando disse algumas coisas para ela, antes de voltar para cá, mas juro para você, que só queria o bem dela, acima de qualquer coisa. Explicava. Não tem ideia do quanto me doeu deixá–la sozinha com uma recém–nascida, mas eu só queria despertá–la para a realidade, fazendo com que voltasse para casa.
—
—
– Tenho certeza de que, no fundo, ela compreende você.
–
Acha que a minha filha vai me perdoar?
–
Se eu fosse a senhora, subiria onde ela está lá agora mesmo e perguntaria isso pessoalmente.
Depressa, Sueli enxugou as lágrimas do rosto e subiu a escada, disposta a pedir perdão à filha, por tudo o que havia feito.
