Capítulo 0196
No outro dia, ao abrir os olhos, relembrou da noite passada.
Após o beijo, que não rejeitou, foi pega no colo e levada para a cama, deixando que ele, lentamente, tirasse a sua roupa.
Eu não fiz isso sussurrou, tapando o rosto com as mãos, sentindo–se arrependida por ter se entregado rápido demais.
Como o relógio não havia despertado ainda, acreditou que estava cedo, iria atrás de Ethan, para lhe dizer que aquilo não iria mais acontecer.
Abrindo a porta do quarto, deu de cara com Marta, que estava com Ava no colo.
–
Bom dia, Marta. Chegou mais cedo?
perguntou confusa.
–
Bom dia, Rafa. Não, cheguei no horário de sempre.
–
Horário de sempre?
Ainda confusa, avistou seu celular no sofá e, o pegando, sentiu a alma sair do
corpo.
São mais de dez e meia? Se assustou.
–
–
Isso mesmo.
―
—
Como assim, por que não me acordou?
Achei
que
você soubesse do horário.
Não, eu não sabia, nem ouvi o meu celular despertando
Eu também não ouvi nada.
Meu Deus, estou atrasada.
—
se queixou.
Correndo para seu quarto, tomou banho bem rápido e se vestiu. Antes de sair, deu um beijo na filha, pedindo desculpa por não dá–la atenção.
Ao chegar no escritório, sentou–se à mesa, ligou o computador.
Enquanto trabalhava, pensava no que aconteceu de madrugada e sentiu um
pouco de raiva por não ser acordada.
Conhecendo Ethan, sabia que podia ser advertida, só por estar atrasada.
Seus dedos digitavam rapidamente no teclado, quando ouviu a porta do escritório do chefe se abrir e ele sair por ela.
Ethan se assustou com a cara de poucos amigos que ela estava e sentiu que, caso a observasse mais de perto, poderia ver fumaça saindo de suas narinas. Mesmo assim, resolveu cutucar a onça.
Bom dia, Rafaela a saudou, com um sorriso.
Ela fechou os olhos e suspirou, antes de responder.
Bom dia, senhor Smith
havia ódio em sua voz.
Dormiu bem? Insistiu.
Rafaela notou que aquilo se tratava de um jogo, e ele estava brincando com a sua paciência.
Por que não me acordou? – perguntou nervosa.
Lentamente, Ethan caminhou até sua mesa e sentou–se na cadeira que ficava à sua frente.
–
Pensei em fazer isso, mas você estava tão linda dormindo, que achei uma afronta te acordar.
Acabei me atrasando.
Não precisa se preocupar, essa é uma das vantagens de dormir com o chefe.
Sentindo sarcasmo em seu tom de voz, o fuzilou com o olhar. Se a intenção de Ethan era deixá–la nervosa, havia conseguido com êxito.
–
–
Não devíamos ter feito aquilo
—
disse, demonstrando arrependimento.
Claro que devíamos, na verdade, acho devermos ter feito isso há muito tempo.
Aquela afirmação a deixou nervosa.
–
Não se acostume com isso, está me ouvindo?
Por que não? Gostei tanto, que é impossível não me acostumar.
Escuta aqui, não quero ser consolo de ninguém. Para você, é conveniente estar comigo, mas estou ciente das suas intenções, então por favor, respeite a minha decisão, já disse que não estou atrás de sexo casual.
—
Para você ontem à noite pareceu apenas sexo casual?
– E por acaso era para parecer outra coisa?
1
―
A questionou
perguntou confusa.
Na verdade, era, mas acho que não me esforcei o bastante para que você sentisse realmente do que se tratava. Prometo que serei melhor na próxima vez,
Respondeu com um sorriso no canto dos lábios.
Já disse que não haverá uma próxima vez.
Ethan levantou–se, ignorando o que ela disse.
Vou sair para comprar algumas coisas para a viagem, quer ir comigo?
Não, obrigado, tenho muita coisa para fazer.
Tudo que menos queria era estar próximo dele.
–
–
Posso esperar.
Não precisa não, vou demorar bastante.
Não seja tão malvada comigo, também quero comprar algumas coisas para Ava, mas preciso da sua ajuda. Não sei comprar coisas de criança.
Suspirando com vontade de mandar Ethan para um lugar bem distante, se deu por vencida, afinal, Ava precisava de algumas coisas e nada melhor do que o dinheiro do pai para aliviar o seu bolso.
Lembrava que não era nem um pouco interesseira, mas como ele era o pai, também tinha obrigação de comprar, no mínimo, as coisas básicas para a filha.
–
Tudo bem, já estou quase terminando. Respondeu, revirando os olhos.
Tudo o que queria era estar longe dele, mas percebeu que não havia para onde correr, já que nos próximos meses, iriam ter que conviver na mesma casa.
No trajeto para as compras, ela fingia mexer no celular, só para não puxar conversa. Entretanto, sentia os olhos dele a queimarem, vez ou outra, enquanto dirigia.
O primeiro lugar que passaram foi uma loja de departamentos infantil, caríssima. Antes de entrar, ela pediu para retornarem, por saber que as coisas ali custavam um absurdo. Contudo, Ethan ignorou a sua fala mais uma vez e a puxou pela mão, a levando para dentro da loja.
Na loja, tentou se soltar da mão dele, mas não conseguiu, porque ele estava a segurando muito firme.
–
– Olá, queremos comprar algumas coisas para a nossa filha – disse ele, a uma atendente que se aproximou dos dois.
A mulher deu uma leve analisada dos pés à cabeça em Ethan, e depois olhou Rafaela, fazendo uma careta discreta, só por estarem de mãos dadas.
para
—
Claro, por favor, me acompanhem
–
falou, se dirigindo a Ethan.
Aproveitando que a mulher estava de costas, ela sussurrou no ouvido dele.
Solta a minha mão, ou vão achar que somos um casal – pediu.
E isso te incomoda? – ele perguntou, segurando sua mão mais forte ainda.
Percebendo que ele não a soltaria, apenas parou de tentar se soltar, pois cada vez que tentava, ele apertava mais. Percebeu que, se continuasse daquele jeito, iria perder a mão.
Enquanto a mulher mostrava algumas coisas para bebês, Rafaela só conseguia enxergar os preços nas etiquetas.
Tentando segurar o queixo para não cair, voltou a sussurrar no ouvido dele.
—
Ethan, você tem certeza de que quer continuar comprando aqui? Conheço um lugar bem mais em conta.
–
Não se preocupe com o preço
disse ele.
Como não me preocupar? A Ava é bem pequenininha, perde as roupas bem rápido, não tem necessidade de usar roupas de grife.
Se uso roupas de grife, a minha filha também deve usar.
Por mais que parecesse um pouco prepotente, gostou de saber que a sua
preocupação com a filha era genuína.
Quando terminaram de fazer compras para Ava, o que demorou quase a tarde toda, ele pediu que ela o acompanhasse na escolha de alguns ternos.
Não vou te acompanhar
respondeu rapidamente.
–
―
Preciso de uma segunda opinião — insistiu.
Pensou em responder “Você é lindo até mesmo vestido num saco de batatas”, mas percebeu que isso aumentaria o seu ego.
Faz de conta que você está indo como a minha secretária e não como a minha
Parou de falar.
–
Como sua, o quê, hein? O que iria dizer? perguntou curiosa.
–
Ia dizer namorada
respondeu.
Aquela frase foi o suficiente para perceber que ele estava brincando com a sua
cara.
–
Deve estar sendo muito divertido brincar comigo, não é mesmo?
nervosa.
Eu já vou indo.
Saiu dali, rapidamente.
–
perguntou
Espera! a acompanhou
—
Não estou brincando com você.
Tocando–a gentilmente, a puxou pela cintura para perto de si, encostando os lábios em seu ouvido.
–
– Quebra essa barreira que tem comigo e deixa os meus sentimentos te alcançar, por favor.
Até qual capítulo já está escrito esse livro?